sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Irônica proximidade

Nessa nossa irônica proximidade
Sobra muito lugar pra saudade.
Momentos tão pequenos
pra uma saudade absurda.

Seus olhos tão distantes dos meus
seus braços...
que querem me abraçar e não podem.


Nessa nossa irônica proximidade
Nessa frenética cidade
O que nos une é a chuva da tarde.

Cai sobre você
Cai sobre mim
Me faz pensar em você
Te faz pensar em mim.

Nessa nossa irônica proximidade
Acabo aprendendo mais sobre você
Sobre nós dois.
Sobre a nossa incrível capacidade...
Não apenas uma, mas todas.

Nessa nossa irônica proximidade
Pleonasmo...
É dizer que sou louca por você.
Como se isso não estivesse visível
Há quilômetros de distância.

Meus olhos procuram pelos seus.
E enquanto não os encontrar...
Não acredito que essa tênue melancolia
Possa acabar.

Imagem: WeIt

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Paralelamente Circular

As vezes passo tanto tempo dentro da minha mente
que me esqueço como sair de lá.
Vendo e sentindo coisas
entendendo coisas que nem sequer eu sei.
Um mundo totalmente paralelo a esse...
mas que parece começar onde esse acaba;
como se também fosse um ciclo.


Como se fossem dois caminhos opostos
que como em novelo de lã
acabam totalmente emaranhados
sem saber onde um começa
e o outro termina.

Alternando os caminhos
equilibrando os passos
saindo de um
e sem perceber
entrando no outro.
E às vezes
dificilmente
mas inexplicavelmente bom
vivendo nos dois
exatamente ao mesmo tempo.

Imagem: WeIt

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Saudade

Não consegui me expressar, mas encontrei um texto de alguém que há muito já se expressou por mim. O que se passa dentro de mim se descreve a seguir:

"Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros, quando escuto uma voz, quando me lembro do passado, eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...

Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro...

Sinto saudades do futuro,
que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e nem apareceu;
de quem apareceu correndo,
sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!

Daqueles que não tiveram
como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre!

Sinto saudades de coisas que tive
e de outras que não tive
mas quis muito ter!

Sinto saudades de coisas
que nem sei se existiram.

Sinto saudades de coisas sérias,
de coisas hilariantes,
de casos, de experiências...

Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!

Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!

Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,

Sinto saudades das coisas que vivi
e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...
não sei onde...
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
Em japonês, em russo,
em italiano, em inglês...
mas que minha saudade,
por eu ter nascido no Brasil,
só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente quando
estamos desesperados...
para contar dinheiro... fazer amor...
declarar sentimentos fortes...
seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples
"I miss you"
ou seja lá
como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima corretamente
a imensa falta
que sentimos de coisas
ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência..."


Minha querida... Clarice Lispector.